A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-30), programada para novembro de 2025, será realizada em Belém, Pará. É a primeira vez que uma cidade da Amazônia recebe o evento, o que traz tanto benefícios quanto desafios para a região e o Brasil como um todo.
Benefícios de sediar a COP-30
Um dos maiores atrativos da escolha de Belém como sede é a visibilidade internacional que a Amazônia ganhará. Durante a COP-30, a floresta será foco de debates globais. Para Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, isso cria uma oportunidade única para mostrar a realidade do desmatamento e do impacto do garimpo ilegal. “Se você quiser convencer alguém sobre os problemas ambientais da Amazônia, basta levá-la para um sobrevoo na região,” ele afirmou. Essa proximidade pode sensibilizar os visitantes internacionais sobre a importância da preservação do bioma (Estadão Summit ESG).
Além disso, espera-se um impacto positivo na infraestrutura local. O governo federal já alocou R$ 1,3 bilhão para melhorias em Belém, como ampliação do sistema de esgoto, pavimentação de ruas e modernização da iluminação pública. Com isso, a cidade pretende atender às cerca de 50 mil pessoas esperadas para o evento, incluindo delegados de 196 países e chefes de estado (Jornal da USP).
Outro ponto de destaque é o potencial econômico. Para empresários, a conferência pode impulsionar a economia local, principalmente em setores como turismo e serviços. Segundo Sérgio Xavier, coordenador do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, a COP-30 pode ser um catalisador para acelerar a transição para uma economia mais verde. “As empresas precisam aproveitar as oportunidades da economia regenerativa e buscar inovação para enfrentar as mudanças climáticas,” declarou em um evento recente da Amcham Brasil (Estadão Summit ESG).
Os desafios no horizonte
Apesar das promessas, os desafios não são pequenos. A infraestrutura atual de Belém, que conta com apenas 10 mil leitos para hospedagem, está longe de ser suficiente para acomodar os visitantes. Há também preocupações sobre o impacto ambiental do próprio evento, considerando a quantidade de deslocamentos e consumo de recursos necessários para sua realização (G1).
Outro ponto é o risco de desvio de foco. Astrini alerta que, embora a Amazônia seja central nas discussões, a COP-30 é um evento sobre mudanças climáticas globais. Ele teme que debates sobre combustíveis fósseis, um dos principais motores do aquecimento global, possam ser ofuscados por questões regionais (Estadão Summit ESG).
Além disso, o Brasil carrega uma responsabilidade significativa. Em 2022, o país foi o quinto maior emissor de gases de efeito estufa, com grande parte das emissões provenientes do desmatamento e da agropecuária. De acordo com Carlos Nobre, pesquisador do clima, cessar o desmatamento poderia reduzir em até 50% as emissões nacionais até 2030. Ele destaca que a transição energética para fontes renováveis, como solar e eólica, é crucial para o Brasil liderar no combate às mudanças climáticas (Jornal da USP).
Expectativas para a COP-30
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao anunciar Belém como sede, destacou a importância de discutir a Amazônia dentro da própria região. Ele vê o evento como uma oportunidade de reafirmar o compromisso do Brasil com a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável.
No entanto, para que o evento seja um sucesso, será necessário superar obstáculos logísticos e garantir que as discussões gerem resultados concretos. Para analistas, a COP-30 deve ser um marco na adaptação global às mudanças climáticas, especialmente em um cenário onde eventos extremos, como secas e enchentes, estão se tornando mais frequentes.
Sediar a COP-30 é uma oportunidade histórica para o Brasil demonstrar liderança em questões climáticas e reforçar sua posição no cenário internacional. No entanto, será essencial equilibrar os benefícios de curto prazo com o compromisso de longo prazo de combater o aquecimento global.
Fontes: G1, Jornal da USP, Estadão Summit ESG.