O etarismo, ou preconceito etário, tornou-se um dos maiores desafios nas empresas, impactando diretamente a diversidade e a inclusão nos ambientes corporativos. À medida que a população global envelhece, cresce a necessidade de repensar práticas de gestão que valorizem a diversidade geracional. No Brasil, onde a população 50+ é cada vez mais representativa, o debate ganha força, mas ainda enfrenta barreiras significativas.

Benefícios da inclusão geracional

Empresas que integram diferentes faixas etárias relatam ganhos em criatividade, inovação e produtividade. Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul, destaca que “a troca de experiências entre gerações combina inovação com sabedoria, criando um ambiente mais resiliente e adaptável”. Ele também aponta que profissionais seniores oferecem liderança e visão de longo prazo, qualidades essenciais em mercados competitivos. No entanto, apenas 23% das empresas possuem políticas para promover a diversidade etária, segundo dados da consultoria Robert Half.

Além disso, ambientes inclusivos contribuem para a retenção de talentos. Estudos mostram que equipes multigeracionais têm 45% mais chances de superar metas de desempenho, especialmente em setores que exigem decisões estratégicas e inovação constante. As empresas que investem em diversidade etária fortalecem sua cultura organizacional, beneficiando-se de uma ampla gama de perspectivas.

Problemas causados pelo etarismo

Apesar dos benefícios, o etarismo ainda é uma prática comum. Cerca de 69% das empresas brasileiras admitem que não oferecem igualdade de oportunidades entre faixas etárias, segundo levantamento da Robert Half. A falta de programas de requalificação, associada a preconceitos inconscientes, resulta em exclusão de profissionais seniores, mesmo quando estes possuem experiência relevante.

Esse preconceito não afeta apenas os profissionais mais velhos; gera perdas significativas para as empresas, que deixam de aproveitar talentos valiosos. De acordo com o Correio Braziliense, 86% dos trabalhadores acima de 60 anos enfrentam discriminação no mercado de trabalho, seja na contratação, seja na progressão de carreira. Essa exclusão reduz a competitividade das empresas em um mercado que exige habilidades diversificadas.

Impactos econômicos e sociais

O Brasil já sente os efeitos do envelhecimento populacional. Segundo o IBGE, até 2050, 29% da população brasileira terá mais de 60 anos, reforçando a necessidade de políticas de inclusão geracional. Sem ações concretas, o país enfrentará um cenário de aumento no desemprego entre os mais velhos e redução na produtividade econômica.

Para combater esses problemas, especialistas sugerem investimentos em programas de requalificação, como aprendizado contínuo e treinamentos para atualização tecnológica. “O envelhecimento é inevitável, mas a exclusão não precisa ser”, afirmou Rafaela Gonçalves, jornalista que acompanha o tema no Correio Braziliense. Ela destaca que ações como mentorias intergeracionais e ambientes colaborativos são fundamentais para transformar o preconceito em oportunidade.

Depoimentos e perspectivas futuras

Maria Helena, uma engenheira de 58 anos, compartilhou sua experiência ao tentar se recolocar no mercado. “Muitas empresas pedem candidatos ‘jovens e dinâmicos’, ignorando minha bagagem. É frustrante”, desabafa. No entanto, após participar de um programa de mentoria para startups, Maria Helena percebeu que suas habilidades eram valiosas: “Aprendi a adaptar minha experiência e agora sou consultora independente.”

Por outro lado, jovens profissionais também apontam dificuldades na convivência com colegas mais experientes. “A gente precisa de um ambiente que acolha todas as gerações, sem preconceitos ou rivalidades”, comentou João Vitor, um analista de dados de 26 anos.

Caminhos para a mudança

O mercado brasileiro está apenas no começo de sua transformação. A implementação de políticas inclusivas depende de lideranças comprometidas em combater preconceitos estruturais. Especialistas como Fernando Mantovani defendem que medidas simples, como revisão de processos seletivos e criação de espaços colaborativos, podem gerar impactos duradouros. Além disso, é necessário monitorar indicadores de diversidade etária e adaptar estratégias ao longo do tempo.

Enquanto isso, algumas empresas pioneiras já colhem os frutos de equipes multigeracionais. Em 2024, grandes corporações no Brasil começaram a implementar práticas de inclusão, como trabalho por projeto para profissionais 50+ e mentorias cruzadas entre diferentes faixas etárias.

O etarismo é um desafio complexo, mas também uma oportunidade de reimaginar o futuro do trabalho. Com o envelhecimento populacional, a inclusão geracional não será apenas uma questão ética, mas um diferencial competitivo indispensável para empresas que desejam prosperar no século XXI.

Referências

  • Correio Braziliense, Etarismo: 86% das pessoas com mais de 60 anos sofrem preconceito no trabalho, publicado em maio de 2024.
  • Robert Half, Etarismo no mercado de trabalho: é hora de agir, publicado em 2024.
  • Mundo RH, Etarismo: como funciona nas empresas?, acessado em 2024.

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