O etarismo, ou preconceito relacionado à idade, é uma barreira que muitos profissionais enfrentam no mercado de trabalho, especialmente em um contexto onde a longevidade é crescente. No Brasil, cerca de 72% dos trabalhadores acima de 50 anos acreditam que a idade é um obstáculo para se recolocar no mercado, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Além disso, a taxa de desemprego entre pessoas com mais de 50 anos atingiu 7% em 2020, o maior índice desde 2012. Esse cenário evidencia a necessidade urgente de mudanças culturais e práticas dentro das empresas para acabar com a discriminação etária e valorizar a diversidade no ambiente de trabalho.

Benefícios de Combater o Etarismo

Organizações que investem em diversidade etária colhem uma série de benefícios. A inclusão de profissionais mais velhos contribui para a troca de experiências e enriquece o ambiente organizacional. Profissionais com mais de 40 anos trazem habilidades interpessoais avançadas, empatia e resiliência, que podem complementar a inovação e o vigor das gerações mais jovens. Essa combinação melhora a tomada de decisões, promove criatividade e aumenta a capacidade de resolver problemas complexos.

Empresas que promovem a inclusão também ganham em reputação. São percebidas como modernas e inovadoras, atraindo uma força de trabalho mais diversificada e talentosa. Além disso, a retenção de funcionários mais experientes reduz custos relacionados à rotatividade e treinamento de novos colaboradores.

Estratégias para Empresas

  1. Políticas Inclusivas: Revisar práticas de contratação e desenvolvimento profissional para garantir que sejam livres de preconceitos etários. Critérios como competências e habilidades devem ser priorizados em vez de fatores como idade.
  2. Treinamento e Sensibilização: Investir em workshops que conscientizem os colaboradores sobre os impactos do etarismo e os benefícios da diversidade etária.
  3. Mentoria Reversa: Programas de mentoria onde profissionais mais experientes orientam os mais jovens e vice-versa criam um espaço de aprendizado mútuo.
  4. Aproveitamento de Experiências: Utilizar o conhecimento acumulado de profissionais sêniores em cargos estratégicos, permitindo que eles contribuam para o crescimento da organização.

O Que os Profissionais Mais Velhos Podem Fazer

Para se recolocar no mercado e manterem-se relevantes, trabalhadores mais experientes podem tomar algumas ações práticas:

  1. Atualização de Habilidades: Investir em cursos, principalmente relacionados a tecnologias emergentes, pode ser um diferencial importante. Segundo especialistas, soft skills como comunicação, adaptabilidade e trabalho em equipe também são cada vez mais valorizadas.
  2. Networking Ativo: Manter uma rede de contatos diversificada é essencial. Participar de eventos, grupos profissionais e comunidades de interesse pode abrir portas.
  3. Presença Digital: Atualizar perfis em redes como LinkedIn e destacar realizações e habilidades é fundamental em processos seletivos modernos.
  4. Flexibilidade: Estar aberto a novas formas de trabalho, como consultorias e projetos autônomos, pode ser uma maneira de driblar barreiras no mercado formal.

Desafios e Caminhos

Apesar dos avanços, a luta contra o etarismo ainda encontra desafios. Muitos empregadores resistem a mudanças, e preconceitos persistem em processos seletivos e políticas internas. Além disso, a pressão financeira pode levar empresas a priorizarem custos mais baixos, frequentemente associados a profissionais mais jovens.

Por outro lado, a transformação demográfica do Brasil, onde 27% da população está acima dos 50 anos, torna inevitável a adaptação do mercado de trabalho. Segundo Andrea Tenuta, especialista em diversidade da Maturi, “o envelhecimento populacional está acontecendo em um ritmo acelerado, e as empresas precisam se preparar para essa nova realidade.”

Promover uma cultura inclusiva não é apenas uma questão de justiça, mas também uma estratégia inteligente para enfrentar os desafios do mercado global. Combater o etarismo é, acima de tudo, uma oportunidade de enriquecer as organizações e valorizar o potencial humano em todas as suas fases.

Fontes: Tribunal Superior do Trabalho, Blog Portal PÓS, EPI-USE Brasil.

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